segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Mediunidade nos tempos de Jesus


Mediunidade no tempo de Jesus


Paulo da Silva Neto Sobrinho

“Se alguém julga ser profeta ou inspirado pelo Espírito, reconheça um
mandamento do Senhor nas coisas que estou escrevendo para vocês” (PAULO, aos coríntios).

Introdução
A mediunidade é uma faculdade humana que consiste na sintonia espiritual entre dois seres. Normalmente, a usamos para designar a influência de um Espírito desencarnado sobre um encarnado, entretanto, julgamos que, acima de tudo, por se tratar de uma aquisição do Espírito imortal, pouco importa a situação em que se encontram esses dois seres, para que se processe a ligação espiritual entre eles.

É comum que ataques ao Espiritismo ocorram por conta desse “dom”, como se ele viesse a acontecer exclusivamente em nosso meio. Ledo engano, pois, conforme já o dissemos, é uma faculdade humana, e assim sendo, todos a possuem, variando apenas quanto ao seu grau.

Os detratores querem, por todos os meios, fazer com que as pessoas acreditem que isso é coisa nova, mas podemos provar que a mediunidade não é coisa nova e que até mesmo Jesus dela pode nos dar notícias. É o que veremos a seguir.

A mediunidade e Jesus
Quando Jesus recomenda a seus doze discípulos a divulgação de que o “reino do Céu está próximo” fica evidenciado, aos que estudaram ou vivenciam esse fenômeno, que o Mestre estava falando mesmo era da faculdade mediúnica. Entretanto, por conta dos tradutores ou dos teólogos, essa realidade ficou comprometida no texto bíblico. Entretanto, como é impossível “tapar o sol com uma peneira”, podemos perfeitamente identificá-la, apesar de todo o esforço para escondê-la.

O evangelista Mateus narra o seguinte:

“Eis que eu envio vocês como ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas. Tenham cuidado com os homens, porque eles entregarão vocês aos tribunais e açoitarão vocês nas sinagogas deles. Vocês vão ser levados diante de governadores e reis, por minha causa, a fim de serem testemunhas para eles e para as nações. Quando entregarem vocês, não fiquem preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será sugerido a vocês o que vocês devem dizer. Com efeito, não serão vocês que irão falar, e sim o Espírito do Pai de vocês é quem falará através de vocês”. (10,16-20).

A primeira observação que faremos é que por ter tentado a Eva, dizem que a serpente seria o próprio satanás, entretanto, isso fica estranho, porquanto o próprio Jesus nos recomenda sermos prudentes como as serpentes. Esse fato demonstra que tal associação é apenas fruto do dogmatismo que só produz o fanatismo religioso.

Essa fala de Jesus é inequívoca quanto ao fenômeno mediúnico: “não fiquem preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será sugerido a vocês”, e arremata: “Com efeito, não serão vocês que irão falar, e sim o Espírito do Pai de vocês é quem falará através de vocês”. A tentativa de esconder o fenômeno fica por conta da expressão “o Espírito do Pai”, quando a realidade é “um Espírito do Pai” a mudança do artigo indefinido para o artigo definido tem como objetivo principal desvirtuar a fenomenologia em primeiro plano e em segundo, mais um ajuste de texto bíblico para apoiar a trindade divina copiada dos povos pagãos.

O filósofo e teólogo Carlos Torres Pastorino abordando a questão da mudança do artigo, diz:

“...Novamente sem artigo. Repisamos: a língua grega não possuía artigos indefinidos. Quando a palavra era determinada, empregava-se o artigo definido ‘ho, he, to’. Quando era indeterminada (caso em que nós empregamos o artigo indefinido), o grego deixava a palavra sem artigo. Então quando não aparece em grego o artigo, temos que colocar, em português, o artigo indefinido: UM espírito santo, e nunca traduzir com o definido: O espírito santo”. (Sabedoria do Evangelho, volume 1, pág 43).

Se sustentarmos a expressão “o Espírito do Pai” teremos forçosamente que admitir que o próprio Deus venha a se manifestar num ser humano. Pensamento absurdo como esse só pode ser pela falta de compreensão da grandeza de Deus. Dizem os cientistas que no cosmo há 100 bilhões de galáxias, cada uma delas com cerca de 100 bilhões de estrelas, fazendo do Universo uma coisa fora do alcance de nossa limitada imaginação, mas, mesmo que a custa de um grande esforço, vamos imaginar tamanha grandeza. Bom, façamos agora a pergunta: o que criou tudo isso? Diante disso, admitir que esse ser possa estar pessoalmente inspirando uma pessoa é fora de proposto, coisa aceitável a de povos primitivos, cujos conhecimentos não lhes permitem ir mais longe, por restrição imposta pelo seu hábitat.

A mediunidade no apostolado
Um fato, que reputamos como de inquestionável ocorrência da mediunidade, aconteceu logo depois da morte de Jesus, quando os discípulos reunidos receberam “como que línguas de fogo” e começaram a falar em línguas, de tal sorte que, apesar da heterogeneidade do povo que os ouvia, cada um entendia o que falavam em sua própria língua. Fato extraordinário registrado no livro Atos dos Apóstolos, desta forma:

“Quando chegou o dia de Pentecostes, todos eles estavam reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um barulho como o sopro de um forte vendaval, e encheu a casa onde eles se encontravam. Apareceram então umas como línguas de fogo, que se espalharam e foram pousar sobre cada um deles. Todos ficaram repletos do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem. Acontece que em Jerusalém moravam judeus devotos de todas as nações do mundo. Quando ouviram o barulho, todos se reuniram e ficaram confusos, pois cada um ouvia, na sua própria língua, os discípulos falarem”. (Atos 2, 1-6).

Aqui podemos identificar o fenômeno mediúnico conhecido como xenoglossia, que na definição do Aurélio é: A fala espontânea em língua(s) que não fora(m) previamente aprendida(s). Mas, como da vez anterior, tentam mudar o sentido, para isso alteram o artigo indefinido para o definido, quando a realidade seria exatamente que estavam “repletos de um Espírito santo (bom)”.

Fato semelhante aconteceu, um pouco mais tarde, nomeado como o Pentecostes dos pagãos:

“Pedro ainda estava falando, quando o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a Palavra. Os fiéis de origem judaica, que tinham ido com Pedro, ficaram admirados de que o dom do Espírito Santo também fosse derramado sobre os pagãos. De fato, eles os ouviam falar em línguas estranhas e louvar a grandeza de Deus...” (At 10, 44-46).

Episódio que confirma que “Deus não faz acepção de pessoas” (At 10,34), daí podermos estender à mediunidade como uma faculdade exclusiva a um determinado grupo religioso, mas existindo em todos segmentos em suas expressões de religiosidade.

A mediunidade como era “transmitida”
A bem da verdade não há como ninguém transmitir a mediunidade para outra pessoa, entretanto, pelos relatos bíblicos, a imposição das mãos fazia com que houvesse sua eclosão, óbvio que naqueles que a possuíam em estado latente. Vejamos algumas situações em que isso ocorreu.

Em Atos 8, 17-18:

“Então Pedro e João impuseram as mãos sobre os samaritanos, e eles receberam o Espírito Santo. Simão viu que o Espírito Santo era comunicado através da imposição das mãos. Dêem para mim também esse poder, a fim de que receba o Espírito todo aquele sobre o qual eu impuser as mãos”.

Simão era um mago que, com suas artes mágicas, deixava o povo da região de Samaria maravilhado. Mas, ao ver o “poder” de Pedro e João, ficou impressionado com o que fizeram, daí lhes oferece dinheiro a fim de que dessem a ele esse poder, para que sobre todos os que ele impusesse as mãos, também recebessem o Espírito Santo.

Em Atos 19, 1-7:

“Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo atravessou as regiões mais altas e chegou a Éfeso. Encontrou aí alguns discípulos, e perguntou-lhes: ‘Quando vocês abraçaram a fé receberam o Espírito Santo?’ Eles responderam: ‘Nós nem sequer ouvimos falar que existe um Espírito Santo’. Paulo perguntou: ‘Que batismo vocês receberam?’ Eles responderam: ‘O batismo de João’. Então Paulo explicou: ‘João batizava como sinal de arrependimento e pedia que o povo acreditasse naquele que devia vir depois dele, isto é, em Jesus’. Ao ouvir isso, eles se fizeram batizar em nome do Senhor Jesus. Logo que Paulo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo desceu sobre eles, e começaram a falar em línguas e a profetizar. Eram, ao todo, doze homens”.

Será que podemos entender que o batismo de Jesus é “receber o Espírito Santo”, conseguido pela imposição das mãos? A narrativa nos leva a aceitar essa hipótese, apenas mantemos a ressalva feita anteriormente quanto à expressão “o Espírito Santo”.

A mediunidade como os dons do Espírito
Na estrada de Damasco, Paulo, que até então perseguia os cristãos, numa ocorrência transcendente, se encontra com Jesus, passando, a partir daí, a segui-lo. Durante o seu apostolado se comunicava diretamente com o Espírito de Jesus, demonstrando sua incontestável mediunidade.

Aliás, o apóstolo Paulo foi quem mais entendeu do fenômeno mediúnico, tanto que existem recomendações preciosas de sua parte aos agrupamentos cristãos de então. Ele o chamava de “dons do Espírito”. “Sobre os dons do Espírito, irmãos, não quero que vocês fiquem na ignorância” (1Cor 12,1), mostrando-se interessado em que todos pudessem conhecer tais fenômenos.

E esclarece o apóstolo dos gentios:

“Existem dons diferentes, mas o Espírito é o mesmo; diferentes serviços, mas o Senhor é o mesmo; diferentes modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos. A um, o Espírito dá a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de ciência segundo o mesmo Espírito; a outro, o mesmo Espírito dá a fé; a outro ainda, o único e mesmo Espírito concede o dom das curas; a outro, o poder de fazer milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, o dom de falar em línguas; a outro ainda, o dom de as interpretar. Mas é o único e mesmo Espírito quem realiza tudo isso, distribuindo os seus dons a cada um, conforme ele quer”. (1 Cor 12,4-11).

Novamente, mudando-se “o Espírito” para “um Espírito”, estaremos diante da faculdade mediúnica, basta “ter olhos de ver”.

Ao que parece, naquela época, os médiuns se preocupavam mais com a xenoglossia Paulo para desfazer esse engano novamente faz outras recomendações aos coríntios (1Cor 14,1-25). Disse ele:

“...aspirem aos dons do Espírito, principalmente à profecia. Pois aquele que fala em línguas não fala aos homens, mas a Deus. Ninguém o entende, pois ele, em espírito, diz coisas incompreensíveis. Mas aquele que profetiza fala aos homens: edifica, exorta, consola. Aquele que fala em línguas edifica a si mesmo, ao passo que aquele que profetiza edifica a assembléia. Eu desejo que vocês todos falem em línguas, mas prefiro que profetizem. Aquele que profetiza é maior do que aquele que fala em línguas, a menos que este mesmo as interprete, para que a assembléia seja edificada...”.

Conclusão
Como apregoa a Doutrina Espírita o fenômeno mediúnico nada mais é que uma ocorrência de ordem natural. Podemos identificá-lo desde os mais remotos tempos da humanidade, e não poderia ser diferente, pois, em se tratando de uma manifestação de uma faculdade humana, deverá ser mesmo tão velha quanto a permanência do homem aqui na Terra.

Mas, infelizmente, a intolerância religiosa, a ignorância e, por vezes, a má-vontade, não permitiu que fosse divulgada da forma correta, ficando mais por conta de uma ocorrência sobrenatural, que só acontecia a uns poucos privilegiados. Coube ao Espiritismo a desmistificação desse fenômeno, bem como a sua explicação racional. Kardec nos deixou um legado importantíssimo para todos que possam se interessar pelo assunto, quando lança O Livro dos Médiuns, que recomendamos aos que buscam o conhecimento dessa fenomenologia, ainda muito incompreendida em nossos dias.

Nov/2004.

Referência bibliográfica.
PASTORINO, Carlos Torres, Sabedoria do Evangelho, volume 1, Revista Mensal Sabedoria, Rio, 1964.
Bíblia Sagrada, Edição Pastoral, Paulus, São Paulo, 43ª ed. 2001.

domingo, 1 de novembro de 2009

Mensagens espíritas


A ESCOLHA DAS PROVAS



Emmanuel





Estudando o problema da escolha de provações da Esfera Espiritual para o círculo das experiências humanas, imaginemos um campo de serviço terrestre em que cada trabalhador é chamado à execução de tarefa específica.

Decerto que, aí dentro, vige a liberdade na razão direta do dever bem cumprido.

O servidor que haja inutilizado deliberadamente as peças do arado que lhe requer devoção e suor gastará tempo em adquirir instrumento análogo com que possa atender à orientação que o dirige.

O lavrador invigilante que tenha permitido por desleixo a incursão de vermes destruidores na plantação que lho define o trabalho, não pode esperar a colheita nobre antes que se consagre à limpeza e preservação da leira que a administração lhe confia.

O cooperador que tenha a infelicidade de envolver-se no crime terá cerceada a sua independência de ação, de vez que será necessário circunscrever-lhe a influência em processo adequado de reajuste.

Entretanto, se o operário fiel da lavoura satisfaz agora todos os requisitos das justas obrigações a que, se vê convocado, sem dúvida, plasma, em seu próprio favor, o direito de indicar por si mesmo o novo passo de serviço na direção do futuro, com pleno assentimento da autoridade superior que lhe traça o roteiro de lutas edificantes.

Assim, pois, além do sepulcro, nem todos desfrutam de improviso a faculdade de escolher o lugar ou a situação em que deva prosseguir no esforço de evolução, porquanto, quase sempre, é imperioso o regresso às sombras da retaguarda para refazer com sofrimento e lágrimas, amargura e aflição o ensejo sublime de acesso à luz.

Se desejas, assim, a marcha vitoriosa para lá dos portais de cinza em que o túmulo se te expressa à visão, afeiçoa-te, com perseverança e lealdade, ao próprio dever, dele fazendo o teu pão espiritual, cada dia, por que para alcançar o triunfo e a elevação de amanhã é indispensável saibamos consagrar-lhes a nossa atenção desde hoje.



Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier

Revista O Semeador – Abril de 1981





sábado, 31 de outubro de 2009





UMA RADIOGRAFIA ANTROPOLÓGICA DO ESPIRITISMO



Seria o Espiritismo uma ideologia migrante? Dos Estados Unidos, onde surgiu de forma empírica nos anos 40 do século XIX, para a Europa, onde vestiu-se com uma densa filosofia, que chegou a empolgar a intelectualidade francesa da segunda metade do século, e com cuja roupa migrou para o Brasil, onde se transforma em movimento social e religioso e, nessa forma, retorna à França e aos Estados Unidos, embalada nas ondas migratórias do final do século XX?

É uma das idéias que se percebe no extenso trabalho da pesquisadora francesa, doutora em antropologia, Marion Aubrée, e de seu professor orientador, François Laplantine, publicado pelas Éditions Jean-Claude Lattès, 1990, num livro de 340 páginas, sob o título: "La Table, le Livre et les Esprits", e subtítulo: "Naissance, évolution et actualité du mouvement social spirite entre France et Brésil".

O trabalho é completo. Começa pelo surgimento do espiritismo na América, biografa Allan Kardec, demonstra a repercussão da doutrina na Europa do século passado, e analisa as causas de seu declínio. Depois, viaja ao Brasil (onde os pesquisadores estiveram várias vezes), e procura levantar as causas de sua grande aceitação popular, de sua penetração social, de suas transformações, de quebra ensaiando uma explicação antropológica do próprio Brasil, quando aborda o mito criador do espiritismo brasileiro contemporâneo: la brasiliodicée. Para, finalmente, retornar à França e discorrer sobre as práticas e grupos atuais.

Algumas "subteses" do trabalho apresentam um interesse especial, como as relações entre espiritismo e socialismo, colocadas num capítulo que tem como título: "Quand les barricades rencontrent les guéridons". Aqui os autores dizem que "... il y a une parenté et une connivence entre le socialisme et le spiritisme au XIXe. Siècle qui ne cesse d"entremêler les deux thèmes", e afirma categoricamente que "... l"un est littéralemente incompréhensible sans l"autre". Estamos transcrevendo estes trechos em francês porque não está tão difícil a compreensão.

Analisando o apogeu e o declínio do Espiritismo na França, os autores relacionam algumas causas. Primeiramente, referem-se eles à fraude dos médiuns que buscavam a qualquer preço provar sua força mediúnica. Depois, ao progresso das descobertas científicas, principalmente na astronomia, tornando anacrônica a doutrina espírita por sugerir que as comunicações tendem a reproduzir o meio social e cultural onde são transmitidas: os espíritos ensinam a geração expontânea quando ela é ensinada na universidade; professam a teoria dos planetas habitados até que se descobre que eles não o são. Uma outra razão repousa nas dissensões entre espíritas e ocultistas (Papus), entre espíritas e teosofistas (Blavatski), assim como à atração exercida pelas sociedades metapsíquicas. Também teria influído nesse declínio, o surgimento na literatura (Dostoieviski) e na filosofia (Schopenhauer, Nietzsche) de uma certa exploração da face noturna do ser humano, seguida do fenecimento do romantistmo. Até mesmo a substituição do paradigma positivista pelo relativista teve sua influência, provocando um declínio do absoluto, um enfraquecimento da certeza, uma sensação de que a ciência não detém toda a verdade, mas, ao contrário, a arte e a literatura podem proporcionar formas mais profundas de conhecimento. Mas, segundo os autores, o golpe de misericórdia no Espiritismo foi dado pelas pesquisas de psicólogos, psiquiatras e psicanalistas, pondo em evidência o papel do inconsciente e oferecendo aos sábios uma tentadora explicação sobre os mecanismos da comunicação mediúnica.

As "seduções" sofridas por um dos autores (FL) no Brasil, demonstram uma característica marcante do espiritismo brasileiro. Coisas do tipo: "Humberto de Campos me disse que você tem uma grande missão com esse trabalho", ou "Allan Kardec está acompanhando você nesta pesquisa". Mas, sem dúvida, os médiuns que lançaram essas lisonjas ficarão, ou ficaram, decepcionados com a leitura final do trabalho, tendo em vista a quase frieza científica e distanciamento com que os autores o conduziram.

Pode-se notar uma verdadeira explosão de teses universitárias sobre espiritismo no Brasil ultimamente. Tanto nos grande centros (Giumbelli, Rio; Damásio, Rio; Stoll, São Paulo; Colombo, São Paulo) como nas inúmeras Universidades Estaduais do interior. Espero que não sejam simples conseqüência do impulso imitativo da intelectualidade brasileira no rastro de pesquisadores como François Laplantine da França e John David Hess dos Estados Unidos. De qualquer forma, elas ocorrem sempre nas áreas de Antropologia, Ciências Sociais, História, isto é, encarando o Espiritismo como um movimento social ou religioso. Desconheço, na presente tendência, alguma tese que o trate como filosofia ou ciência.

Enfim, "La Table..." é um "olhar de fora", e como tal observa muito mais as práticas do que a doutrina. Mas, não podemos negar que muito tem a contribuir para a compreensão do Espiritismo. A Dra. Marion Aubrée elaborou várias teses sobre movimentos religiosos e sociais. O Professor François Laplantine orientou dezenas de teses em antropologia, inúmeras ligadas a religião, fenômenos psi e doenças mentais. O próprio Jean-Claude Lattès parece ser um especialista em editar teses universitárias. Já existem pessoas no Brasil se interessando pela tradução e publicação do livro, o que poderá acontecer brevemente. Enquanto isso, quem quiser adquirir o livro em francês a um custo final menor que setenta reais, pode procurar no site: alapage.com.



João Alberto Vendrani Donha

Centro Espírita Luz Eterna – CELE

cele@cele.org.br.br

(Publicado no jornal "Abertura", de junho/2000)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Seminários Espíritas

Hei, você, sorria! Mas não se esconda atrás desse sorriso. Mostre aquilo que você é, sem medo.


Sinal de Perigo




Habitue-se a considerar o ressentimento por sinal de perigo que se deve claramente evitar.

Se a razão para queixa é algum problema doméstico, anote em silêncio a maneira pela qual poderá você cooperar, na rearmonização do grupo familiar e auxilie para que o ponto nevrálgico seja extinto.

Ante uma criatura de quem recebeu ou esteja recebendo ofensa ou dificuldade, medite no valor de que essa mesma pessoa se reveste para os outros e esqueça qualquer motivo de mágoa que lhe tenha chegado ao coração.

Nos desajustes de opinião ou comportamento, admita nos outros a mesma liberdade de pensar que a vida lhe implantou na cabeça.

Aquilo que muitas vezes tomamos por indiferença ou desconsideração naqueles que nos cercam é cansaço ou doença neles e não hostilidade contra nós.

Fracassos, de qualquer modo, são sempre convites a que partamos para tarefas novas e melhores, compelindo-nos a sair da insegurança.

Dedicações incompreendidas são cursos de burilamento íntimo em que podemos aprender a amar sem o culto do egoísmo no qual "sermos amados" costuma ser a nossa preocupação.

Perdoe quaisquer golpes com que a vida lhe esteja ministrando aulas de experiência e recorde que você está no rio de bênçãos em que Deus lhe situou a bênção da vida.

O trabalho, especialmente quando se expresse no serviço aos outros, é o preservativo que nunca falha contra qualquer perigo no campo do espírito.

Ressentimento é sempre indução à enfermidade e desequilíbrio; diante de problemas e obstáculos com que sejamos defrontados, nos caminhos do tempo, recorramos à prece e a oração nos renovará por dentro, transfigurando a sombra em presença de luz.


André Luiz (espírito)